Estou em casa em meus pijamas, aqui é o meu trabalho, this is where my real job is. É o trabalho mais difícil que eu já tive, e de longe o menos reconhecido, mesmo assim eu estou muito orgulha de mim por ter ido tão longe.
Eu ainda não estou pronta para deixar outra pessoa tomar conta do meu filho, mas ao mesmo tempo, eu gostaria de ter o respeito que eu tinha quando trabalhava fora (de quem eu não sei dizer).
Eu fico muito triste e decepciona quando eu vejo que todas as coisas que eu aprendi e desenvolvi nesse tempo sendo mãe não serão apreciadas no meu novo currículo, e deveria, porque uma mãe em tempo integral desenvolve muitas habilidades. Pelo contrario, serei visto como aquela funcionaria que terá que pedir para sair mais cedo ou chegar mais tarde porque tem um filho pequeno.
Eu preciso estar atenta 24 horas por dia, 7 dias por semana sendo mamãe. Eu nunca sei o que acontecerá, tenho que estar sempre atenta para alguma emergência.
O stress e a exaustão que eu tenho sentido nesses últimos 16 meses não se compara a nenhum outro trabalho ou desafio profissional, ou será que meu antigo trabalho não era tão difícil assim.
Muitos dias eu sinto falta de sentar em uma mesa de trabalho, tomar um café com as amigas e verificar os e-mails do dia. Hoje se eu tiver sorte eu consigo escrever umas 10 linhas do post antes do meu filho jogar alguma coisa no chão indicando estar com ciúmes, essa é a única coisa que o Nick tem ciúmes, de mim com o laptop.
Em outros dias eu não vejo razão para me arrumar ou escovar os dentes pela manhã. Para que? Eu só verei a cara do meu pequeno mesmo. Pijamas, chinelos, e uma camiseta surrada são meu uniforme agora. Porque mesmo que e quisesse minhas roupas já nãos servem e nem caem bem em um corpo com 20 kilos devido a gravidez.
E meu salário no final do mês é algo que eu realmente sinto falta. Não pelo financeiro, mas pelo sentimento de dever comprido.
Se passaram 16 meses e eu não sei o que o futuro me reserva.
O que eu sei é que minha decisão foi correta para nós, e isso é o que realmente importa.
Descobri a duras penas, como é difícil a condição da mulher que opta por ser só mãe, e que de certa forma se torna um ser inútil perante a sociedade, e ainda tem menos valor perto daquela que não tem filhos e tem sucesso na carreira. Com isso vejo como é cruel o preço que nós, mamães em tempo integral, pagamos. Alienamos-nos de nos mesma.
As mães que encaram a dupla jornada também acabam sofrendo preconceitos dos mais diversos. Parece que a maternidade não perdoa.
Quem nunca sofreu preconceito, quem nunca ouviu uma frase maldosa, um olhar recriminado a sua não colaboração financeira em casa, enquanto seu marido se “mata” de trabalhar para dar o melhor para a família.
Tenho poucas certezas na vida, mas uma delas é que estou fazendo um bem ao mundo, dando ao meu filho uma infância de qualidade, ensinando a ele, eu mesma, como ser uma pessoa melhor.
Essa é a mãe que eu escolhi ser, completamente diferente do que pensei um dia. Minha vida hoje está de cabeça para baixo, em todos os departamentos, lidar com tantas mudanças não está sendo fácil.
Nos dias que são mais difíceis como essa semana que se passou, eu me faço lembrar que trabalhos vem e vão, mas esse tempo com meu filho não voltará mais e eu sou extremamente grata por estar aqui com ele e por podermos passar por essa experiência juntos.